Composição de preços em licitação

Participar de licitações é uma estratégia inteligente para empresas que desejam ampliar seus mercados e conquistar estabilidade com contratos públicos. No entanto, o verdadeiro desafio é garantir a lucratividade em cada proposta apresentada. E para isso, dominar a composição de preços para licitações é fundamental.

Neste guia, você entenderá passo a passo como estruturar sua proposta de preço de forma precisa, defensável e competitiva. O foco está nos pregões eletrônicos, modalidade mais comum atualmente, mas os princípios se aplicam a qualquer formato licitatório.

O que é composição de preços em licitações?

A composição de preços é a estruturação detalhada dos valores que compõem o preço final da proposta. 

Envolve custos diretos e indiretos, tributos e margem de lucro. Essa informação será exigida especialmente após a fase de lances, no momento da entrega da proposta final ajustada.

Muitos editais já disponibilizam modelos padronizados para a proposta, mas mesmo quando não há um modelo, a empresa deve ter sua própria estrutura de composição.


Componentes essenciais da composição de preços

1. Custo de aquisição do produto ou material

O ponto de partida é entender exatamente o que está sendo licitado: leia com atenção o edital e o termo de referência. Com isso em mãos, negocie com fornecedores para identificar o custo real do item exigido.

Esse valor pode ou não incluir o frete do fornecedor até a sua empresa. O importante é ter clareza de quanto você gasta para ter o item pronto para ser enviado ao órgão.

Entender os critérios de julgamento é essencial para saber exatamente como sua proposta será analisada. Se quiser aprofundar esse ponto, vale a leitura do artigo “Critérios de julgamento em licitações: o que são, quais são e como afetam o sucesso da sua empresa no setor público”.

Acesse o artigo para saber mais >

2. frete de entrega no órgão

Esse é o custo da logística de entrega da sua empresa até o local especificado no edital. Pode ser feito por transportadora, Correios, frota própria ou outro meio. Cada situação exige um cálculo específico, e esse custo é obrigatoriamente parte do preço final.

3. margem de lucro

Muitos erram aqui ao confundir markup com margem de lucro real

A margem de lucro ideal é calculada sobre o valor final da venda, e não apenas como um percentual adicionado ao custo.

Exemplo: Para ter 30% de lucro sobre o preço final, divida o custo total por 0,7 (1 – 0,3). Um custo de R$ 10.000 exige um preço de venda de R$14.285,71.

Essa margem depende de:

  • Capital de giro (para suportar os prazos de pagamento do órgão);
  • Condições com fornecedores (prazo de pagamento);
  • Riscos de reajuste, especialmente em SRPs (Sistema de Registro de Preços);
  • Custos indiretos e operacionais.

4. Impostos

A carga tributária depende do regime tributário da empresa (Simples, Lucro Presumido, Real). Conhecer sua tributação é fundamental para evitar prejuízo.

Exemplo simplificado: Se a tributação estimada é de 10%, isso deve ser considerado no valor final. Alguns utilizam planilhas onde impostos e lucro somam 40% a 50% do custo direto, mas o cálculo deve sempre respeitar a realidade contábil da empresa.

Exemplo prático de composição de preços

Venda de 5 geladeiras:

  • Custo unitário: R$ 2.000;
  • Total do produto: R$ 10.000;
  • Frete: R$ 500;
  • Custo direto: R$ 10.500;
  • Lucro + impostos: R$ 5.833,33;
  • Preço final da proposta: R$ 16.333,33.

A importância da planilha de composição de preços

Uma planilha bem feita é a base da inteligência na licitação. Com ela você:

  • Visualiza custos diretos, indiretos, lucro e impostos
  • Ajusta o preço com agilidade na fase de lances
  • Evita erros de cálculo
  • Comprova que o preço é viável

Como montar a proposta de preços final

A proposta deve conter:

  • Identificação da empresa (logo, CNPJ, contato, dados bancários);
  • Referência do edital (pregão nº, órgão);
  • Tabela com os itens (quantidade, unidade, descrição, marca, modelo, preço unitário, valor total);
  • Valor total da proposta (numeral e por extenso);
  • Declarações exigidas (concordância com o edital, validade da proposta, prazo de entrega, forma de pagamento, garantia);
  • Assinatura e dados do representante legal.

Cuidados com inexequibilidade: quando o preço é baixo demais

Apresentar um preço competitivo é fundamental para vencer uma licitação, mas é preciso cuidado: preços excessivamente baixos podem levantar suspeitas de inexequibilidade — ou seja, valores que indicam que a empresa talvez não consiga cumprir o contrato sem prejuízos ou riscos à Administração Pública.

Quando isso acontece, o pregoeiro ou a comissão de licitação tem o dever de solicitar a planilha de composição de custos, exigindo que o licitante demonstre, de forma detalhada e fundamentada, como aquele preço foi formado. O objetivo é verificar se todos os custos foram contemplados e se a execução contratual será viável e segura.

Veja alguns pontos críticos:

  • Itens com custo zero: São aceitos apenas em situações excepcionais e devem ser plenamente justificados, como nos casos em que a empresa já possui o material em estoque ou utiliza insumos próprios. Nesses casos, é preciso comprovar documentalmente a posse do item e garantir que ele atende às exigências do edital.
  • Lucro zero ou muito baixo: Embora seja possível apresentar propostas com margem de lucro reduzida ou até nula, isso não exime o licitante de cobrir todos os custos diretos e indiretos. A Administração precisa ter a garantia de que o contrato será executado com qualidade, sem risco de interrupção por inviabilidade econômica.
  • Sustentabilidade do preço: O valor proposto deve permitir a execução completa do objeto contratado, respeitando salários de convenções coletivas, encargos trabalhistas, tributos, frete, insumos, despesas operacionais e margem mínima para manter a saúde financeira da empresa.
  • Avaliação técnica da planilha: Caso a inexequibilidade seja questionada, a análise será feita comparando sua planilha com a do órgão licitante. Se faltar algum custo essencial (como salários, encargos, transporte ou insumos), a proposta pode ser desclassificada por inviabilidade técnica ou econômica.
  • Renúncia de lucro como estratégia: Em alguns casos, a empresa pode optar por abrir mão do lucro para obter um atestado de capacidade técnica ou entrar em um novo segmento. Essa prática é permitida, desde que seja feita conscientemente, com todos os custos cobertos e sem comprometer a execução.
  • Atenção à jurisprudência: Tribunais de Contas têm jurisprudência consolidada sobre o tema, exigindo que a Administração sempre verifique a exequibilidade da proposta mais vantajosa. Ou seja, o preço mais baixo só será aceito se for técnica e financeiramente possível de ser cumprido.

Em resumo: não basta apresentar o menor preço — é preciso apresentar um preço possível, seguro e justificado. Ter uma planilha de custos detalhada, coerente e defensável é uma das maiores armas de uma empresa profissional em licitações.

Estratégia de preços durante a fase de lances

  • Nunca entre com seu menor preço já na proposta inicial. Use o valor de referência do órgão como base.
  • Guarde sua margem para negociar.
  • Durante a disputa, use sua planilha de preços para saber o valor mínimo possível com lucro aceitável.
  • Simule reduções de margem e entenda os impactos antes de cada lance.

Dominar a composição de preços para licitações vai muito além de saber somar números. 

É entender profundamente todos os custos envolvidos, saber aplicar a margem de lucro ideal para sua realidade, considerar os tributos corretamente e estruturar uma proposta clara, objetiva e defensável — tanto na fase de lances quanto na entrega final do documento.

Sem esse domínio, muitos licitantes operam no escuro e, pior, correm o risco de vencer uma licitação operando com prejuízo. 

Com uma planilha bem montada e um raciocínio estratégico por trás de cada centavo do seu preço, você transforma sua participação em licitações de tentativa e erro para gestão profissional de contratos públicos.


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